Escrava Sinhá [Concluída]

Capítulo 47

 

             No dia seguinte, Maria Vitória acordou cedo, pois os escravos já se preparavam para trabalhar.

        - Oi filha, já acordou?
        - Já... Mas ainda está escuro.
        - É assim mesmo, volte a dormir.
        - Não... Eu... Prefiro acordar.
        - Nós já vamos, os capatazes já esperam.
        - Tão cedo?
        - Essa é a vida.

                 Maria olhou para os lados, e viu todos de pé, assim, decidiu se levantar.

        - Maria Vitória?!
        - Oi Rosário...
        - Posso te dar um vestido se você quiser, veja, eu tenho esse que estou usando, e outro, a dona Cila que fez para mim.
        - Não, obrigada.
        - Eu sei que não é chique, bonito, igual os que você usa, mas é o que tem.
        - Não é isso, é que é seu, não quero chegar tirando o que lhe pertence.
        - Então pegue como se fosse emprestado, é melhor do que ficar com esse seu vestido aqui, vai acabar estragando.
        - Eu nem posso estar com ele, tenho que devolver ao Barão.
        - Mas o vestido é seu.
        - Comprado com o que é dele, e também não quero. Vou devolver o vestido, e as jóias.
        - Então veste o meu vestido. Pode se trocar.
        - Aqui? E esses homens?
        - Aqui as mulheres fazem como se fosse um muro, assim cada uma se troca à vontade.
        - Está bem, eu me troco.

                  As mulheres se reuniram, e Maria Vitória se trocou. Ela vestiu o vestido emprestado por Rosário, prendeu seu cabelo feito um rabo, e tirou toda pintura do seu rosto.

        - Então... Como estou?  - Pergunto ela.
        - Você fica linda de todo jeito, minha filha.
        - Obrigada! O vestido me caiu bem.
        - Agora eu tenho que ir, fique aqui, é melhor não caçar confusão com o Barão, ele já fez muito.
        - Não se preocupe, ficarei bem aqui.

                 Cila se levantou.

        - Eu tenho que ir para a cozinha e...
        - A senhora? Não pode ir! E se ele lhe bater novamente?  - Disse Rosário.
        - Não vai fazer isso, não se preocupem.
        - A senhora tem certeza?
        - Tenho sim.

              Maria Vitória a abraçou.

        - Um pouco mais tarde irei até lá, tenho coisas para fazer.
        - Vai pela cozinha, assim você come alguma coisa.
        - Sim, eu irei.

               Dandára se preocupou.

        - O que vai fazer, Maria Vitória?
        - Tenho que escrever para o meu pai, ou para alguma das minhas primas.
        - Sim, faça isso! Mas tome cuidado, o Barão não vai gostar de te ver. E fique tranquila, não vou aceitar o que ele fez, cedo ou tarde vingarei você, eu prometo.