Capítulo 14

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                  Anoiteceu, e na Senzala, o escravo que mais cedo foi brutalmente chicoteado, era cuidado por outras escravas, incluindo Cila. Dandára chegava com ervas, enquanto Edmundo a ajudava a preparar para cicatrizar os ferimentos.





                   Edmundo começou a tratar o escravo com as ervas, e o escravo gritava de dor.


         - Aguente, filho! Isso é para o seu próprio bem.   - Disse Cila.
         - Muito Obrigada, senhora! É muito difícil suportar essa dor, não sei se vou aguentar.
         - Vai aguentar, sim. Vai, pois és um homem forte, e também muito valente!


         - É... Muito valente. Mas essa valentia quase lhe custou a vida, viu? Toma cuidado, rapaz.  - Disse Edmundo.



         - Aquele diabo do Cipriano poderia ter te matado, ele tem permissão, e sabe disso.  - Disse Dandára.
        - Eu morreria sabendo que ao menos tentei ser um homem livre.





                Rosário chegou na Senzala perguntando como estava o escravo ferido, e ao vê-lo no chão, abaixou-se preocupada, e disse-lhe:



        - Está muito ferido! Como são capazes de tamanha maldade?!
        - Oi moça. Olha... Eu gostaria muito de agradecer a moça, por ter me defendido.
        - Eu apenas quis que a justiça fosse feita. Mas infelizmente fracassei...
        - Não diga isso, pois foste muito corajosa.



                            Rosário sorriu meia sem jeito.



        - Meu nome é Rosário, e o seu?
        - Sebastião, mas todos me chamam de Tião.
        - Então Tião, espero que você fique bem, posso ajudar a cuidar de você.
         - Rosário, agradeço mas não precisa, como eu disse, foste muito corajosa quando me defendeu. Bem, você e...
         - E?...
         - A outra moça, aquela que percebi ser parente do Barão.



        - Ele está falando daquela que se colocou na frente do chicote.  - Disse Dandára.
        - É verdade isso? Quem foi?   - Perguntou Cila assustada.
        - Foi a neta do Barão, a Sinhá Berenice, filha da Dona Maristela.



        - Sim... Berenice... Um verdadeiro anjo...  - Disse Tião com um leve sorriso.
        - A Sinhá Berenice sempre foi tão quieta, me surpreendi com a atitude que teve.  - Respondeu Rosário.


        - Para você ver que nem todos daquela casa tem um coração ruim, alguns ainda se salvam, e são pessoas de bem.  - Disse Cila.
        - Ah, mas eu gostaria de rever ela, e agradecer pela valentia e piedade que teve comigo... Como é mesmo o nome dela?


        - É Berenice, mas ela mora na fazenda dos pais e não aqui. Trate de se tratar, e ficar bom.  - Respondeu Rosário.












      Fazenda de Maristela:



        - Nossa, mas que dia esse!  - Disse Maristela.
        - Realmente, nunca vi acontecer tantas coisas em um só dia!.   - Respondeu Peixoto.


Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora