Maristela chegou até o quarto de Maria Vitória.
- Olá, tia. Pode entrar!
- Já estou aqui... Ô minha menina, vem cá, a tia cuida de você - Maristela sentiu uma tontura.
- Tia? O que tens?
- Uma leve tontura... Não se preocupe.
- Está se sentindo mal?
- Não se preocupe, é besteira. Acho que de tantas emoções, sinto-me mal.Maristela sentou-se na cama, e Maria Vitória deitou em seu colo.
- Sua cabeça está um caos, não é mesmo?
- A senhora não imagina o quanto. Descobrir que sua vida foi uma mentira, não é fácil.
- Não fala assim, sua vida não foi uma mentira. Você é sim da família... Apenas... Não tem a mãe, que você imaginou que tinha.
- Isso já é muito!
- Eu sei que está sofrendo, Maria Vitória. Eu também estaria... Mas precisa se colocar firme, e resolver essa bagunça.
- Estou completamente perdida, tia. Me sinto fraca, enganada...
- E você tem todo direito de se sentir assim. Sabe... Eu estive com a sua mãe. Na verdade, estive com as duas.
- Com as duas?
- Sim. Eu precisava conversar com cada uma, saber o que cada uma diria.
- As duas mentiram, são todas iguais...
- Ei, Maria Vitória, não diga isso! Existem muitas diferenças, e não falo de cor, nem de posição social. Eu falo de preferências, valores.
- Eu sei disso.
- Escuta, sabia que a Dandára pretendia te dizer a verdade?
- Será verdade isso?
- É sim. Ela e a dona Cila, não falaram nada, para não te assustar, pois queriam primeiro ganhar o seu amor.
- Isso eu até entendo.
- Ela sofreu muito, Maria Vitória. Pude ver o sofrimento no olhar da Dandára, tanto que saí da senzala aos prantos. Ela foi completamente apaixonada pelo seu pai, mas teve uma grande desilusão.
- Meu pai parece ser pior do que o meu avô.
- Digamos que ele é praticamente um mandado do seu avô.
- Então... Dandára sofreu muito quando me entregou?
- Ela achou melhor te entregar, pois sabia que você cresceria bem, com coisas boas, e não em uma senzala.
- Ela abriu mão de me criar, por saber que eu estaria bem?
- Sim. Isso mostra o quanto ela te ama, e o quanto pensou no seu bem. Me diz, Maria Vitória, você se imagina morando em uma senzala? Sofrendo?
- Não exatamente. Mas mesmo com todo sofrimento, eles ainda transmitem o amor. Tia, eu teria crescido com todo amor possível.
- Disso eu não tenho dúvidas.
- Então...
- Você pretende ir atrás da Dandára?
- Ainda não. Não estou à vontade, vou ficar só no meu quarto hoje, pensar um pouco.
- Você está certa! Eu vou ficar aqui com você, posso passar a noite?
- Mas... E a Berenice?
- Eu peço para o cocheiro mandar o recado, tenho certeza que ela ficará bem ao lado do pai.
- Ela também está sofrendo, tia.
- Eu sei, meu amor. Mas ela tem o pai dela, e você no momento está sozinha. Leôncio e Eugênia não deixarão você ir comigo, então cuidarei de você, está bem?
- Muito obrigada, tia. Tenha certeza de qua a senhora é a melhor!
- Ah, eu tento. - Maristela sorriu, e continuou conversando com Maria Vitória. Falou sobre Dandára, Eugênia, Leôncio, e o problema de Berenice.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...