Capítulo 76 - Parte 3

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      Dandára permanecia parada, tentando procurar entender a mãe.


   - Mas do que a senhora está falando? O que queres dizer com isso?
   - O quê? O que foi?
   - Mãe, estava delirando? A senhora começou a falar coisas estranhas, sobre o Edmundo.
   - Eu?
   - Sim, dizendo que ele nasceu aqui, nessa casa. Como é possível algo assim?
   - Me expressei mal... Tive um... Um surto, é a velhice. Mas... Onde está o Edmundo?
   - Foi levado para o barão, deve estar no escritório, na varanda, ou talvez na própria sala.
   - Como foi isso, minha filha?
   - A dias o Edmundo vem sendo maltratado de maneira ainda mais cruel, minha mãe. Ele e outros poucos... Ele desafiou, ele quer respostas do Barão, parece que está louco! Ele será castigado, mãe... Pode até ser morto.  - Disse Dandára em meio a tantas lágrimas.












     Edmundo foi arrastado até a varanda do casarão, e largado no chão, diante de Leopoldo.



   - E então... O que esse fez?
   - Teve a audácia de levantar a voz, senhor! E de quebra, ainda exigiu vim incomodá-lo, pois ele quer respostas para saber o motivo de ser mais escravizado do que os outros.
   - Oras, é mesmo? Que engraçado isso...
   - O que devo fazer senhor.



      Leopoldo abaixou-se um pouco.



   - Olhe para mim!



      Edmundo levantou a cabeça, e levou um cuspe do Barão em seu rosto.



   - Está sua resposta. Não és nada para mim... É apenas um objeto capaz de trabalhar me fazendo ganhar dinheiro. Apenas. Mas não se preocupe, não te mandarei para o tronco, ou algo do tipo. Não... Pelo contrário, trabalharás por 3 dias, inteiros, sem parar para beber água, ou para se alimentar. Se quiser, faça isso na senzala, mas até a água de deixarei regrada, pois atitudes como essa vêem acontecendo por deixar vocês em uma vida boa. Agora tirem esse miserável da minha frente!



      Edmundo foi tirado da varanda arrastado pelos capatazes da Fazenda, enquanto trocou olhares de ódio com o Barão.













      Cila e Dandára observaram de longe, da janela da cozinha, os capatazes soltando Edmundo, e comemoraram que ele não "recebeu castigo", bom, assim elas imaginavam.




   - Desculpe, filha... Tive um delírio, deve ser coisa da idade.
   - Compreendo, mas não entendi uma coisa.
   - O que foi?
   - Quando cheguei, a senhora quis saber se era algo sobre a Eugênia. O que tem ela?
   - Eu não posso falar aqui agora, a noite conversamos.
   - É algo muito grave, não posso falar. As paredes dessa casa escutam!
   - Fico angustiada, e logo penso na minha filha.
   - Creio que nada de mal vai acontecer com Maria Vitória. Nada! Mas agora saia, as coisas andam pesadas aqui.
   - Tentarei conversar com Edmundo, minha mãe.
   - Sim... Vai! Estarei aqui caso precisarem.












Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now