Capítulo 2

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                       O dia amanheceu no Rio de Janeiro. Dandára começou seus fazeres cedo, estava triste, Leôncio ainda não havia procurado por ela. Cipriano chegou perto como uma peste, e ela então se assustou,




         - Sai, não chega perto!

         - Calma Dandára, só estou fazendo o meu trabalho.
         - Me atormentado? Seu trabalho é esse? Até onde eu sei tu és pago pelo barão para cuidar das terras e do trabalho, e não atormentar quem está em paz.
         - Olha como fala comigo. Menina! Te dou uma chibatada som dó!
         - Não encoste em mim, Cipriano.  - Ela o encarou.
         - Está se achando por ter o senhor Leôncio para te proteger, não é? Essa tua alegria acaba logo, Dandára... Cadê o filho do patrão, te procurou?
         - Isso não lhe diz respeito, agora me deixa trabalhar em paz!
         - Ah, já entendi, ele não te procurou, não foi? Também, a moça que esteve aqui ontem é muito bonita, elegante... É branca, então procure seu lugar escrava!
         - Me deixe em paz, peste! Não cansa de atrapalhar a vida das pessoas?
         - Eu nunca me canso, Dandára, principalmente quando é com escravas assim, atrevidas como você. Não percebe que te faço um favor? Estou abrindo os seus olhos, o Leôncio jamais vai te assumir.





          Dandára começou a chorar assim que Cipriano se retirou, até que ouviu uma voz lhe chamar.



        - Leôncio?
        - Dandára, como estás?
        - E ainda pergunta, como acha que estou?
        - Eu não sei... Dandára, olhe para mim!  - Ele a puxou, e segurou em seu rosto.   - Por favor, não me ignore.
        - Ontem me deixou plantada no meio daquela tempestade, sozinha, toda molhada.
        - Como eu saberia que estava no meio daquela tempestade? Pensei que nem tivesse saído da senzala.
        - Te esperava, imaginei que fosse a minha procura como prometeu, Leôncio.
        - Dandára não pude sair, não só pela tempestade, mas também pelas visitas que recebi ontem, sabe, demoraram no casarão, esperando que tudo passasse. Me perdoe!
        - Talvez eu te desculpe, mas por favor... Se estiver brincando com os meus sentimentos, peço que pare.
        - Dandára, o que é isso?
        - Me fala a verdade, o que queres comigo?
        - Você sabe, meu sonho é me casar com você Dandára, e para isso enfrentarei até mesmo o meu pai e quem for preciso... Eu te amo, por favor, me perdoe.
        - Me ama? E a moça que foi te visitar ontem?
        - Fala de Eugênia?
        - Não sei, mas deve ser essa... A tal branca, bonita, elegante...
        - Quem te disse essas coisas?
        - Não importa! Me fala, Leôncio, conte-me sobre essa moça que estava com você!
        - Isso é coisa do meu pai, quer que eu me case com uma moça como ela, mas prometo que não irei pela cabeça dele.
        - Não sei se devo confiar em você. Talvez seja um mentiroso como muitos por aí.
        - Como pode falar assim comigo? Já te pedi perdão, Dandára.
        - Estou nervosa, não tenho esse direito?
        - Acalme-se, meu amor, por favor! Dandára... Eu não fui ao seu encontro ontem, mas pensei em você, dormi com seu rosto em minha cabeça, se eu soubesse que estaria me esperando naquela tempestade teria ido ao seu encontro sem pensar duas vezes.
        - Será mesmo?
        - Te juro! Agora vem comigo...
        - Para onde, Leôncio? Estou em serviço, não posso sair.
        - Vamos até o rio, como era para ter sido. Mas antes me perdoe, por favor!
        - Eu te perdoo, Leôncio. Mas não faça isso outra vez, certo?
        - Eu te prometo, meu amor, prometo!   - Ele a beijou.

Escrava Sinhá [Concluída]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt