Capitulo 12

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                     Dandára estava fervendo de raiva do Barão. Ela andava, e batia nas coisas, falando com ela mesma:



         - Como ele teve coragem de bater nela? Miserável!


 
          Cila puxou a filha pelo braço.



         - O que foi, Dandára, enlouqueceu?
         - Ainda não, minha mãe, mas já irei enlouquer.
         - O que aconteceu?
         - O Barão, ele deu uma bofetada em Maria Vitória.
         - O quê? Qual a explicação para isso?
         - Não existe explicação, minha mãe. Ele é um bruto, e bateu na minha menina!
         - Não me admira que ele chegou a esse ponto.
         - Estou com tanta raiva, sou capaz de devolver aquele tapa.
         - Você não vai fazer nada! Quer morrer, ou ficar longe dela para sempre? Aliás, como você soube desse tapa?
         - Ela me falou...
         - Esteve com ela outra vez?
         - Por um acaso. Ela saiu correndo depois do tapa, tropeçou, e caiu perto de mim, fui ver como ela estava... Foi horrível, vi que minha menina não está bem, e nem pude estar com ela...






              Começou uma gritaria pelo lado de fora, Dandára não entendeu o que estava acontecendo. Rosário apareceu aflita, e Cila lhe perguntou:



          - Mas o que está acontecendo?
          - Três escravos fugiram juntos. Cipriano e os outros capatazes foram atrás.
          - Misericórdia! A luz do dia?
          - Sim, parece que planejavam a tempos, só entre eles para não dar errado.



          - Espero que eles consigam!   - Disse Dandára.
          - Isso é algo quase impossível.  - Disse Rosário.




          - Se forem encontrados, serão mortos, ou castigados severamente! - Disse Cila, e completou.   - Torço muito para que consigam!
          - Fico indignada, até quando seremos escravizados?   - Questionou Rosário.
          - Até quando for da vontade de Deus, minha filha...  - Respondeu Cila.
          - Pois eu acho que esse tal Deus tem os seus filhos preferidos, aqueles de pele branca.
          - Rosário, não fale isso!
          - Falo, é a mais pura verdade. Se somos filhos dele como os brancos nos fazem acreditar, ele deveria permitir igualdade para todos.
           - E ele permitiu. Mas o homem preferiu de outra forma! Minha filha, por favor, não queira discutir os planos dele.





                      Rosário se calou.







                Virgínia avistou que Maria Vitória se aproximando ao lado de Fausto. E disse para a família:


       - Estou vendo Maria Vitória vindo.
       - E sua irmã, está com ela?    - Perguntou Branca.
       - Sim. Todos estão com ela, até o Fausto.
       - Ai, graças a Deus!




             Berenice entrou na casa e foi puxada por Maristela, que lhe disse:



       - Berenice, minha filha, eu te peço que não saia daquele jeito novamente!
       - Me desculpe, eu apenas quis ajudar.
       - Eu sei meu anjinho, eu sei.


Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora