Capítulo 67

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                       Maria Vitória se afastou de Fausto, e ele segurou suas mãos.



         - Maria Vitória, algum problema?
         - Não... Problema nenhum, é só que...
         - O quê? Fiz algo que não gostou?
         - Não, imagina, quê isso... É que tudo está acontecendo tão rápido.
         - Rápido como assim?
         - A descoberta de que sou filha da Dandára, eu fui morar na senzala, a invasão da Fazenda... E agora estou aqui, no jardim, com você... Estamos juntos.
         - Que mal há nisso?
         - Acho que eu não deveria pensar nisso agora. Minha mãe, minha avó, meus amigos, todos correm o risco de voltar para a fazenda, e eu aqui...
         - Sua família estará protegida, nós faremos o possível para isso. Maria... Estávamos enrolados a tempos, cada vez mais pedindo paciência... Por mais preocupada que você esteja, isso não te impede de estar feliz, de se preocupar com você mesma. Veja só a conversa maravilhosa que tivemos, por um momento esquecemos de todo o mal, de todos os problemas que nos cercam.
         - Eu sei disso, e foi maravilhoso, realmente.
         - Então... Não existe maldade nisso. Tenho certeza que sua mãe quer sua felicidade, e gostaria de te ver sorrindo depois de tudo que aconteceu.
         - É... Isso é verdade.
         - Acabou de acontecer o nosso primeiro beijo, e posso dizer, estou ainda mais apaixonado. Algo inexplicável, que não imaginei que sentiria de maneira tão forte.
         - Sinto o mesmo, Fausto. Se soubesse como estou feliz, como estou satisfeita de estar aqui, nesse momento.
         - Eu não sei, mas imagino...




               Maria Vitória sorriu.



         - Sabe, acho que tu precisas conhecer algumas pessoas.
         - De quem falas?
         - Não faz a mínima idéia?
         - Hum... Deixa-me pensar... Serás que estás falando de duas mulheres que estão dentro da casa? Que por um acaso são sua família?
         - Sim, sim!    - Ela sorriu novamente.    - Ontem não tive tempo de apresentá-los, e também não era o momento. Quero que conheça a Dandára... A minha mãe!
         - É estranho ver-te chamar uma mulher de mãe, que não seja a dona Eugênia.
         - Acredite, para mim também é estranho, ainda é um tanto confuso! Mas estou bem acostumada... Não imagina como sou feliz ao lado dela, apesar de que vivia na senzala.
         - Tu foste feliz lá?
         - Lá eu não fui. Imagina, quem é feliz ali? Mas fui feliz pelas companhias, pelas pessoas que convivia. Fausto, pessoas maravilhosas que se mostravam cheias de compaixão por mim, e que me ajudaram o quanto puderam. Não sei se poderei fazer algo por cada um, mas se eu puder, juro que farei tudo que estiver ao meu alcance.
         - Calma, tudo no seu tempo. Eu sei que tu és muito grata aos amigos que fizeste, mas deve primeiro preparar tua vida... Veja, tudo que tu passastes durante esses dias... Deve descansar a mente, para se preparar para o que podes vim, compreende?
         - Sim, claro. Você tem toda razão.
         - Sim, tenho. Porém, irei ajudar aos teus companheiros no que eu puder... Farei isto por ti, e também... A tua família. Dona Cila é minha vovó preferida agora, acreditas?
         - O que disse? A minha avó, é sua vovó preferida?
         - Que mulher tão prestativa...
         - Ela é mesmo, mas... Tu não conheces minha mãe.
         - Só de vista... Era para ter conhecido ontem, mas... Enfim, não era o momento.
         - Pois não vamos esperar mais, venha comigo, vêm conhecer a minha mãe Dandára.
         - Há de ser encantadora!
         - É... É sim, vem!




Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now