Capítulo 83

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                   Eugênia foi até o quarto de Maria Vitória, desejou bom dia, e a ajudou a se pentear.



         - Como passou a noite, filha?
         - Mais ou menos, estava sem sono. E a senhora?
         - Bem apesar de que... A cama é um pouco dura, mas foi ótima!
         - Mesmo que tenha odiado não vai dar o braço a torcer, certo?
         - A noite para mim foi ótima, Maria Vitória, já disse!
         - Certo, não falarei mais nada.
         - E o que vamos fazer hoje?
         - Eu vou até a casa do coronel, preciso falar com a Rosário.
         - Não mesmo! Ficará aqui, fazendo-me companhia.
         - Ficaremos o dia todo trancadas nesse quarto, minha mãe?
         - Podemos ler alguma coisa, e se queres falar com a Rosário, escreve uma carta, ela sabe ler, não sabe?
         - A senhora não tem jeito mesmo, não é?
         - E o que eu falei de errado dessa vez, Maria Vitória?
         - Nada, esqueça! Vou descer para tomar o meu café.
         - Não precisa... Eu pedi que trouxessem para cá, afinal, não podemos comer no meio daquele gente, não é? Algumas sem jeito, nem conhecemos, enfim...
         - Será possível que até o café da manhã será nesse quarto?
         - Por enquanto... Mas reclame menos, Maria Vitória, bem menos!
         - É que estou me sentindo uma prisioneira da pensão.
         - Mas como é exagerada, sim? Não é uma prisioneira, é uma dama sendo protegida pela mãe, seu pai lhe diria o mesmo. Melhore essa cara, Maria... Não é tão ruim assim.
















                   Lázaro, Branca, e Virgínia estavam reunidos na mesa de café da manhã, do lado de fora, debaixo de uma cobertura.



         - Quando terminar vou direto para a fazenda, esperarei Maristela na porta, se ela for...
         - Vais demorar muito lá, Lázaro?
         - Talvez, Branca. Na realidade meu plano seria passar o dia por lá, mas agora eu já não sei.
         - De qualquer forma, Virgínia e eu vamos até a cidade visitar a Ana Laura.



         - Claro... Eu só vou até a casa da Ana Laura, não tenho outra diversão.



         - Vocês duas pretendem passar o dia por lá?
         - Não exatamente, meu marido. Pretendo ver como anda o enxoval do bebê, a gravidez da nossa filha, e tudo mais... Além de notícias dela.
         - Dê um beijo nela, e avise por favor que logo irei vê-la.
         - Claro!


         - Se é assim, vou me vestir, ao menos quero estar arrumada.
         - Não demore, Virgínia... Assim que eu terminar meu café quero ir para a carruagem.
         - Serei rápida!  - Disse ela, saindo em seguida.


         - Fico pensando o que dirão, e quais serão as reações ao verem você no comando da fazenda.
         - Como assim?
         - Lázaro, você será como o novo barão, tão respeitado quanto o seu pai... Claro que muitos ficarão aliviados pensando que com sua administração muita coisa vai mudar.
         - Errados! Nada vai mudar na fazenda, nem mesmo o trabalho escravo.
         - Até mesmo por não ter como mudar, os escravos são a mão de obra, se eles não fizerem nada, quem fará? A fazenda vai a falência.
         - Obviamente.
         - Deve ser duro também com os capatazes do teu pai, eles não podem estar relaxados, ou então...
         - Branca, eu sei exatamente o que devo fazer.
         - Desculpe meu marido, eu só quis ajudar, te dar o meu apoio.
         - Sem exageros, sei bem o que fazer na fazenda. Agora me dê licença, você e Virgínia devem estar em casa antes do jantar.
         - Está bem... Estaremos aqui.




Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora