Capítulo 52

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  Rosário:


   -" Eu fiquei dentro do quartinho, que por sorte, estava aberto. Não sei bem se foi esquecido ali, ou se ficava constantemente trancado. O medo me fez ficar ali, porém, não sentia boas energias, e não entendi. A dona Cila sempre havia falo que a senhora Ana Vitória era uma boa pessoa, de alma pura, e coração caridoso, o que poderia ter de tão pesado naquele lugar?  No meio de suas vestes, chapéus, jóias, e outros, eu encontrei um baú, sujo, empoeirado, mas cheio de objetos pessoais.
   Fiquei com receio, mas abri o tal baú, e pude encontrar cartas, correspondências, e outras coisas no nome dela. Fui atrevida, confesso, sim, talvez fui errada, mas estava ali, alguém poderia me flagrar a qualquer momento, e falo do próprio Barão. Peguei em um caderninho, e o li, afinal, aprendi com a Sinhá Berenice. As páginas eram rasgadas, amassadas, outras manchadas, não podiam ser lidas, acho que de tão guardadas que estavam, pareciam terem sido rasgadas por ratos, e grilos. Sentei-me, perto da janela, a luz da lua, e devagar, fui lendo as palavras daquela mulher, que infelizmente, não pude conhecer. 




Que a senhora esteja bem, onde quer que esteja, Sinhá".















Diário de Ana Vitória, em partes salteadas.




   "Há quanto tempo eu não escrevo aqui, não é mesmo?  Após rasgar as páginas anteriores, nessa noite, aproveitando que mais uma vez, Leopoldo não dormiu em casa, estou a escrever".





   -" Minha nossa! Foi a senhora quem rasgou as outras páginas".




   "Do jeito que as coisas estão indo, não sei o que pode acontecer, mas acredito que escrever aqui será de extrema importância. Bem... Estou disposta a contar tudo, de maneira resumida, pois preciso por para fora tudo que habita em mim".




   -"Confesso, fique receosa em continuar".




   "Meu nome é Ana Vitória Álvares Real, a Baronesa do Rio de Janeiro. Me casei com Leopoldo, hoje o temido Barão. Sei que pode não parecer, mas Leopoldo um dia já foi o meu grande amor... Irei relatar...



   Conheci Leopoldo em um baile realizado pelo meu pai, a fim de que eu conseguisse um bom partido, e lá eu conheci o meu atual marido. Lembro-me de ficar completamente apaixonada, foi como... Um amor à primeira vista. Um homem muito bom aparentemente, bonito, muito atraente, e um cavalheiro diante dos meus olhos, e de todos que estavam ali. Nós dançamos, nos conhecemos, e não demorou muito para vir o noivado, e o casamento. Nosso casamento reuniu os mais poderosos, e importantes homens com suas esposas da cidade, e também das cidades vizinhas. Meu pai realizou uma imensa festa, para todos, que durou um dia inteiro.





Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora