Capítulo 18

280 38 4
                                    








 
                       Leôncio foi até o quarto da esposa, para lhe contar a idéia de Maria Vitória.



        - E você concordou?
        - Claro quem sim, um passeio será ótimo!
        - Eu também gostaria.
        - Está bem, iremos amanhã.
        - Mas Leôncio, você está indo só por Maria Vitória ter lhe pedido?
        - Ela apenas sugeriu, e vou passear com você, sim. Amanhã arrume-se, fique bem bonita.
        - Sim meu marido, prometo ficar linda! Muito obrigada!
        - Não tem que me agradecer, prometo ser um bom marido, ou pelo menos tentar. Sinto muito se me mostro tão ausente.




             Eugênia sorriu para ele, e sentiu-se melhor.











            O dia passou rápido, menos para os cativos, que os dias pareciam maiores a cada vez.








             Na Senzala, Sebastião comentou com Edmundo sobre a sua vontade de encontrar Berenice, e de agradecer por ela o ter defendido.




         - Não sei se isso é uma boa idéia, na verdade é quase impossível isso, com certeza não deixarão você se aproximar dela.
         - Mas Edmundo, é minha obrigação. Apesar de que a Sinhá Maria Vitória prometeu enviar os meus agradecimentos através de uma carta.
         - A Senhorita Maria Vitória? Quando você a viu?
         - Hoje pela manhã ela estava aqui com a Rosário. As duas parecem muito amigas.
         - Ah sim, é verdade. Mas me admira ela ter estado aqui.
         - Bom, ela me olhou como se eu fosse amigo dela também, é uma moça muito humilde.
         - Sim, ela é.
         - E disse que a Sinhá Berenice, queria notícias minhas, saber como fiquei depois de ontem.
         - Mas se a Senhorita Maria Vitória disse que iria levar seus agradecimentos através de uma carta, você não tem que ficar querendo ver aquela menina para agradecer.
         - Ah Edmundo, eu só queria ser educado.
         - Me diz a verdade, você achou a Sinhá Berenice muito bonita, não foi isso?
         - Não Edmundo, assim, ela é bonita, mas o que eu quero é somente agradecer.
         - Assim eu espero, rapaz.
         - Claro que alguém como ela nunca olharia para mim, ela me defendeu por pena, por piedade.
         - Foi bem isso mesmo, e ela receberá sua gratidão, então fique bem longe dela... Será melhor para você, meu rapaz.
         - Mas... Edmundo, mudando de assunto, você nunca tentou fugir daqui?
         - Isso é impossível, mas vontade não me falta.
         - Eu já vi que fugir não dá muito certo...
         - Você precisa se preparar, como eu.
         - Preparar como?
         - Em luta.
         - Não entendo.
         - Eu e outros escravos treinamos a luta, e já ouvi dizer que muitos escaparam através dela.
         - E como são essas lutas?
         - Você verá, daqui a pouco começaremos ela.
         - E os capatazes não desconfiam?
         - Eles pensam que estamos em um ritual, ou que é uma espécie de dança da nossa cultura, até mesmo um jogo vindo da Angola.
         - Nossa... E como nós devemos chamar essa luta?
         - Capoeira. E você vai aprender que isso é muito mais do que uma "luta", é um ato de resistência.














Escrava Sinhá [Concluída]Место, где живут истории. Откройте их для себя