Escrava Sinhá [Concluída]

Capítulo 80 - Parte 3

               Maria Vitória estava sentada na sala, ao lado de Eugênia, e Rosário. Fausto estava em uma poltrona de frente para elas

         - Eu estou realmente sem acreditar. Edmundo... Meu Deus, como pode? E quanto ao Barão, eu sempre desconfiei do quanto a Baronesa deveria ter sofrido nas mãos dele. Inclusive, não me espantaria ele a ter matado.
         - Isso tudo quem pode contar é a dona Cila.  - Respondeu Rosário.
         - Pois sim, e essa dona Cila, escondeu este segredo por tantos anos. E só sabemos do fato graças a Rosário que entrou naquele quartinho, e nos desvendou tudo isso. Ai... Olha... O que mais falta, hã?

         - Será que a Virgínia já contou tudo para o senhor Lázaro?
         - Sinceramente estou aflita, Fausto  - Disse Maria Vitória.  - Me estranha muito o tio Lázaro não ter aparecido ainda... Ele com certeza estaria aqui em um pulo!
         - Teria dado tempo de impedir, deveria ter ido atrás dela.
         - Ter tentado impedir apenas daria corda para Virgínia revelar tudo mais rápido, acredite.

               Bento se aproximou de Rosário.

         - Coloque mais caldo para mim, Rosário. Estou cheio de fome!
         - Você tomou muito mais cedo, Bento. Mas vou colocar sim.

         - Espere, Rosário, eu mesmo me encarrego de buscar, e servi. Está muito saboroso!
         - Trás logo para todos.  - Disse Eugênia, e Fausto concordou.

               Eugênia puxou Maria Vitória para perto dela, a colocando encostada, quase deitada.

         - Ô minha querida, fique tranquila. Você escondeu pois era o certo a fazer... Já ficou tantos anos escondido, mais alguns dias não fizeram a mínima diferença.
         - Não é nem isso... É o tamanho do segredo, o peso que ele carrega. Imagina só, descobrir que tem um outro irmão, ainda mais com todo o peso da história por trás.
         - É realmente um grande susto! Me deixou ainda mais surpresa ser um filho da Baronesa, e não do Barão. Inclusive, filhos do Barão por aí não devem faltar, então não há motivos para tanto escândalo. Eu só fico imaginando quando tudo isso vazar pela cidade, e a reputação que seu pai e eu construímos como um casal for toda para o ralo.
         - E eu penso no quanto Edmundo ficará chateado comigo. Eu prometi guardar esse segredo, ele ainda estava se recuperando da surra que levou do Barão, que por sinal, quase foi morto pelo mesmo.

               Fausto serviu o caldo para todos, e pôs Bento sentado ao seu lado.

         - Não fique assim, Maria Vitória. Acredito que tudo aconteceu como deveria ser... Quem sabe não é o preparo para novos caminhos?
         - Pensando por esse lado, Rosário, você tem razão. Tentarei focar nos pensamentos bons, para ver se consigo atrair coisas boas.
         - Exatamente isso!
         - Com toda essa confusão acabei não indo para a fazenda, não vi quem eu queria, não soube como estão passando. Fico agoniada!

         - Aquela fazenda lhe trouxe momento ruins, minha querida. Não deveria ir tanto lá... Isso atrai coisas ruins, sabia?  - Eugênia quis convencê-la.
         - Tenho a oportunidade de estar indo ver minha mãe Dandára, minha avó, meus amigos. Não irei desperdiçar! Sou capaz de enfrentar as piores lembranças, os traumas mais terríveis.
          - Certo, não vamos discutir. Faça o que achar melhor!