Capítulo 94

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                         Acompanhada por Henrique, Eugênia estava no gabinete do ministro revoltada, e apontava os dedos para Lázaro e Maristela.




         - Isso é um absurdo! Aquele homem solto por aí, pronto para fazer mais maldades do que já fez. Vocês não tem vergonha? Que justiça é essa desse país que deixa um assassino em liberdade?
         - Dona Eugênia, e peço que a senhora se contenha ou terei que chamar os guardas para detê-la!
         - Ah claro... Preferem o quê? Preferem me prender ao invés do maldito barão Leopoldo, não é?
         - Já explicamos a situação para a senhora.
         - Sim... O velho está doente, não é? E o que isso importa? Graças a ele o meu marido está morto, mas era a minha pessoa que ia morrer!
         - Entendo a preocupação da senhora, mas teremos soldados atentos a todo momento, juro!
         - O senhor ministro já foi muito melhor. Se vendeu! Quanto que os dois irmãos pagaram para o senhor, me diz!





         - Chega, Eugênia! Nós não pagamos nada. O meu pai será julgado como a justiça determinou, mas aguardará isso em casa, apenas isso!
         - Me admira muito que você o esteja defendendo Maristela. Ele poderia ter feito isso com o seu marido também! Ele sempre detestou o Peixoto.
         - O meu pai sempre odiou todo mundo, isso não é novidade! Quem mais quer vê-lo em julgamento sou eu, mas não consigo ser tão fria, e se ele quis passar talvez os seus últimos dias em casa nós atendemos a esse pedido!
         - Ah... Então é isso? Um presidiário pode ter desejos? Que bonitinho.
         - Ele está doente, isso é castigo, é a vida cobrando. Deixe que o tempo cobre dele todo o necessário!
         - Pois eu quero que o papai Leopoldo apodreça! Que morra junto com os ratos, os únicos que podem ficar ao lado dele... Vocês são uns miseráveis! Isso prova que somente eu me importei com a morte do Leôncio, doeu somente em mim!





         - Chega! Acabou! Uma mulher tão culta e elegante não pode se colocar a falar tantas coisas assim, principalmente no gabinete da justiça. Chega, Eugênia!
          - Sentiu, não foi, Lázaro? Sabe que falei a verdade... Se visse o quanto Maria Vitória ficou apavorada, mal dormiu a noite a coitada.
          - Nós estávamos lá quando Maria Vitória o viu ontem. Sei o desespero que ficou, mas ela estará segura.
          - Vocês não se importam nem mesmo com o irmão bastardo de vocês. O Barão mesmo doentinho vai matá-lo, sabiam? Vai torrá-lo como um espeto na fogueira!
          - Ministro, por favor... Chame os guardas!




         - Não, Lázaro! Eugênia está nervosa, e com toda razão. Eu também estou, confesso, mas tento me controlar...
         - Mas não temos que ficar ouvindo esse tipo de coisa.
         - Não se importe, Lázaro, por favor!




         - Dona Eugênia está com a razão, afinal de contas, quase foi morta por obra desse homem e de seu capataz. Eu deveria ter sido comunicado antes sobre a ação da justiça!
         - Sim, Henrique...
         - Senhor, ministro, merecemos explicações maiores.
         - De fato! Senhor Lázaro, dona Maristela, por favor, me dêem licença, eu preciso conversar com o Henrique e a dona Eugênia.















                    Rosário estava na cama de Maria Vitória, e tinha a amiga deitada em seu colo.



         - Foi horrível, Rosário... Horrível! O medo que eu senti, e as memórias que vieram no momento...
         - Eu imagino. Ontem mesmo o Celso foi lá nos avisar, e até deixei o copo com água cair no chão. A dona Branca contou para eles.
         - Estou com muito medo... O que pode fazer esse homem? Minha mãe, minha avó, o Edmundo... Todos nas mãos dele.
         - Será ele capaz de fazer algo contra todos? Seria mais um crime na ficha dele.
         - Desse homem podemos esperar qualquer coisa, Rosário. Sem coração, sem alma... Só tem ódio ali!
         - Eu fico pensando, será que a consciência não pesa? Não é possível que exista alguém desse jeito!
         - Acho difícil, ele não sente um mínimo de remorso. Nem mesmo doente será capaz, e nem deve, nunca apagará tudo que ele fez.
         - Não imaginei vim te fazer uma visita para confortá-la sobre o retorno do barão. Jurei que o veríamos novamente só no dia do julgamento.
         - Se os dias estavam demorando a passar, imagine agora. Terei medo todos os dias desde então, medo por mim, e pela minha família.
         - Fica calma! Ouça, estaremos todos juntos, o barão Leopoldo não pode contra todos nós.
         - Mas infelizmente a minha mãe e minha avó são "propriedades" dele.
         - Será que ele está mesmo doente?
         - Bom, ele teve a confirmação do Lúcio.
         - Que horror! Mas isso é castigo, sabia? A justiça superior não falha.
         - Agora nos resta saber até onde esse tal castigo vai.










Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now