Acompanhada por Henrique, Eugênia estava no gabinete do ministro revoltada, e apontava os dedos para Lázaro e Maristela.
- Isso é um absurdo! Aquele homem solto por aí, pronto para fazer mais maldades do que já fez. Vocês não tem vergonha? Que justiça é essa desse país que deixa um assassino em liberdade?
- Dona Eugênia, e peço que a senhora se contenha ou terei que chamar os guardas para detê-la!
- Ah claro... Preferem o quê? Preferem me prender ao invés do maldito barão Leopoldo, não é?
- Já explicamos a situação para a senhora.
- Sim... O velho está doente, não é? E o que isso importa? Graças a ele o meu marido está morto, mas era a minha pessoa que ia morrer!
- Entendo a preocupação da senhora, mas teremos soldados atentos a todo momento, juro!
- O senhor ministro já foi muito melhor. Se vendeu! Quanto que os dois irmãos pagaram para o senhor, me diz!- Chega, Eugênia! Nós não pagamos nada. O meu pai será julgado como a justiça determinou, mas aguardará isso em casa, apenas isso!
- Me admira muito que você o esteja defendendo Maristela. Ele poderia ter feito isso com o seu marido também! Ele sempre detestou o Peixoto.
- O meu pai sempre odiou todo mundo, isso não é novidade! Quem mais quer vê-lo em julgamento sou eu, mas não consigo ser tão fria, e se ele quis passar talvez os seus últimos dias em casa nós atendemos a esse pedido!
- Ah... Então é isso? Um presidiário pode ter desejos? Que bonitinho.
- Ele está doente, isso é castigo, é a vida cobrando. Deixe que o tempo cobre dele todo o necessário!
- Pois eu quero que o papai Leopoldo apodreça! Que morra junto com os ratos, os únicos que podem ficar ao lado dele... Vocês são uns miseráveis! Isso prova que somente eu me importei com a morte do Leôncio, doeu somente em mim!- Chega! Acabou! Uma mulher tão culta e elegante não pode se colocar a falar tantas coisas assim, principalmente no gabinete da justiça. Chega, Eugênia!
- Sentiu, não foi, Lázaro? Sabe que falei a verdade... Se visse o quanto Maria Vitória ficou apavorada, mal dormiu a noite a coitada.
- Nós estávamos lá quando Maria Vitória o viu ontem. Sei o desespero que ficou, mas ela estará segura.
- Vocês não se importam nem mesmo com o irmão bastardo de vocês. O Barão mesmo doentinho vai matá-lo, sabiam? Vai torrá-lo como um espeto na fogueira!
- Ministro, por favor... Chame os guardas!- Não, Lázaro! Eugênia está nervosa, e com toda razão. Eu também estou, confesso, mas tento me controlar...
- Mas não temos que ficar ouvindo esse tipo de coisa.
- Não se importe, Lázaro, por favor!- Dona Eugênia está com a razão, afinal de contas, quase foi morta por obra desse homem e de seu capataz. Eu deveria ter sido comunicado antes sobre a ação da justiça!
- Sim, Henrique...
- Senhor, ministro, merecemos explicações maiores.
- De fato! Senhor Lázaro, dona Maristela, por favor, me dêem licença, eu preciso conversar com o Henrique e a dona Eugênia.Rosário estava na cama de Maria Vitória, e tinha a amiga deitada em seu colo.
- Foi horrível, Rosário... Horrível! O medo que eu senti, e as memórias que vieram no momento...
- Eu imagino. Ontem mesmo o Celso foi lá nos avisar, e até deixei o copo com água cair no chão. A dona Branca contou para eles.
- Estou com muito medo... O que pode fazer esse homem? Minha mãe, minha avó, o Edmundo... Todos nas mãos dele.
- Será ele capaz de fazer algo contra todos? Seria mais um crime na ficha dele.
- Desse homem podemos esperar qualquer coisa, Rosário. Sem coração, sem alma... Só tem ódio ali!
- Eu fico pensando, será que a consciência não pesa? Não é possível que exista alguém desse jeito!
- Acho difícil, ele não sente um mínimo de remorso. Nem mesmo doente será capaz, e nem deve, nunca apagará tudo que ele fez.
- Não imaginei vim te fazer uma visita para confortá-la sobre o retorno do barão. Jurei que o veríamos novamente só no dia do julgamento.
- Se os dias estavam demorando a passar, imagine agora. Terei medo todos os dias desde então, medo por mim, e pela minha família.
- Fica calma! Ouça, estaremos todos juntos, o barão Leopoldo não pode contra todos nós.
- Mas infelizmente a minha mãe e minha avó são "propriedades" dele.
- Será que ele está mesmo doente?
- Bom, ele teve a confirmação do Lúcio.
- Que horror! Mas isso é castigo, sabia? A justiça superior não falha.
- Agora nos resta saber até onde esse tal castigo vai.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...