Escrava Sinhá [Concluída]

Capítulo 38

               Cipriano foi até o casarão, e encontrou Eugênia inquieta na sala.

        - Bom dia! Com licença, senhora.
        - Bom dia! Veio falar com o meu sogro?
        - Eu vim apenas para avisar como anda os trabalhos, senhora.
        - E... Você por um acaso tem alguma notícia do meu marido?
        - Como assim?
        - Quero saber se você tem visto o meu marido conversando novamente com a escrava.
        - Ah, isso não, senhora.
        - Tem certeza? Não me esconda nada!
        - Tenho total certeza, fique tranquila.
        - Ainda bem! Só me faltaria isso, que Leôncio voltasse a ter um romance com aquela crioula.
        - Assim... Na verdade...
        - Na verdade o quê?
        - A senhora não pode ficar tranquila.
        - Por que diz isso?
        - Não quero causar intrigas, me perdoe, mas é necessário. A senhora precisa cuidar mais da menina.
        - De que menina você está falando?
        - Da senhorita Maria Vitória.
        - O que você sabe?

                 Cipriano ficou mudo.

        - Anda, Cipriano, me diz... O que sabe, o que tem a Maria Vitória?
        - Acabo de ver Maria Vitória conversando com a mae verdadeira, a escrava Dandára.

                   Eugênia ficou paralisada, não soube dizer nada, e sentiu seu peito apertar.

        - Maria Vitória... com... com a Dandára?
        - E com a escrava Cila também. Estavam juntas, as três, e sorriam como se já se conhecessem, como se já tivessem intimidade... até trocaram abraços.
        - Isso é mentira! Maria Vitória está no quarto.
        - Eu não tenho motivos para mentir, dona Eugênia. Mas se não acredita, pode ir procurar a menina no quarto...

                Eugênia deixou Cipriano sozinho, e rapidamente subiu as escadas, em direção ao quarto de Maria Vitória. Ela bateu na porta, e sem aguentar esperar, abriu a porta do quarto, e se desesperou ao ver que a menina realmente não estava.

 

                Ela desceu, e Cipriano lhe perguntou:

        - A senhorita Maria Vitória não estava no quarto, não é?
        - Não. Ela não estava.
        - Senhora, cuidado... Será que a Dandára já não contou a verdade para ela?
        - Não! Eu já estaria sabendo...
        - Mesmo assim, tome cuidado. Dandára sabe que não pode se aproximar da menina, desobedeceu ordens...
        - Escrava miserável! Primeiro o meu marido... E agora a minha filha...
        - Pois é, foi a senhora quem cuidou da menina, é a senhora quem ela chama de mãe... E agora chega, se aproximando do seu marido novamente, e agora da Maria Vitória? Senhora, isso está passando dos limites...