Capítulo 113 - ESPECIAL

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Capítulo Especial


13 de maio - 1888


Abolição da Escravatura



Parte 1











                    O sol brilhava mais forte, como se fosse um anúncio de que algo de grande importância estava para acontecer. Algumas pessoas caminhavam com mais pressa pelas ruas, e carruagens estavam eufóricas. Era mais um dia comum, ou talvez não fosse.



                  Maria Vitória pôs o seu melhor vestido, deixou seu cabelo solto como gostava, e desceu para a sala, assim que ouviu Eugênia lhe chamar para receber algo que o mensageiro deixou.



         - Minha filha, o mensageiro lhe deixou isto. Parece um bilhete, uma carta, eu não sei...
         - Deixa-me ver!   - Ela tomou o papel em suas mãos.



         - E então, o que diz aí?   - Questionou a condessa.
         - Acalme-se, mamãe! Ela está lendo.
         - Vais dizer que não está curiosa para saber do que se trata? E se for sobre...

         - Os papéis estão prontos, devo ir receber e assinar os documentos.
         - Que bom, minha filha! Diga-me, quem lhe mandou?
         - O ministro, ele também me chama em seu gabinete com urgência.
         - Pois trate de ir agora mesmo! Quer que eu a acompanhe?
         - Não é necessário, fique e faça companhia a minha avó.



         - Não se preocupem comigo, eu fico bem aqui sozinha.
         - Não, mamãe... Eu lhe farei companhia! Maria Vitória sabe se cuidar, e imagino que ela tenho muito para fazer assim que sair do gabinete.

         - Pior que sim... E quem sabe o Celso não esteja lá? Seria bom que ele também fosse receber autorização para exercer a profissão.
         - Realmente seria bom. Mas vai logo, de uma vez! Não é bom se atrasar e deixar o ministro esperando.
         - Sim... Eu já vou. Me desejem sorte!
         - Boa sorte, minha filha. Eu te amo!


         - Boa sorte, Maria Vitória!   - Disse a condessa.


                Maria Vitória saiu animada, com um sorriso que ia de cada lado, e Eugênia a observou saindo pela porta, enquanto a condessa chamou sua atenção.



         - O que há com você, Eugênia?
         - Nada... Não é nada, só acabei pensando besteira.
         - Que tipo de besteira? Sua filha está indo receber uma grande fortuna, anime-se!
         - É só que... Ela já foi, logo em seguida deve ir para a fazenda, e é questão de tempo para a Dandára ficar livre.
         - Faz muito sentindo. Com certeza ela vai libertar a mãe, a avó, e ou outros, basta uma alforria para cada um.
         - É, mamãe. E quando isso acontecer, a Maria Vitória vai embora daqui... Eu tenho certeza.   - Caiu uma lágrima de um dos seus olhos.
         - Eugênia, minha filha, pare com isso! Se fosse se casar, a Maria Vitória iria embora do mesmo jeito.
         - Eu sei, mas eu tenho muito medo. Eu errei muito nessa vida, e fiz tudo errado com a Maria Vitória. Não me admira se ela deixar-me para recuperar tudo que não teve com a outra.
         - Você e Maria Vitória se aproximaram tanto, minha filha! Estão como mãe e filha de fato. Não tenha medo de perdê-la, você também tem um espaço no coração dela.
         - Sim... A senhora tem razão. Além disso aquela mulher já sofreu tanto na vida, e eu tenho um dedo nisso. Não seria injusto ela conseguir o que ela sempre quis, e que mais desejou: Ter a Maria Vitória para ela.
         - Muita gente cometeu erros nessa história, não precisa se crucificar de tal maneira.
         - É... Talvez a senhora tenha razão. Bom, de qualquer jeito esse dia já deveria chegar a qualquer momento.
         - Você deveria ter ido com ela. Eu não me importo de ficar sozinha, nunca me importei.
         - Tem certeza?
         - Mas é claro!
         - Então eu vou subir para o meu quarto, vou trocar de roupa.
         - Vai atrás da Maria Vitória?
         - Não. Eu vou até o cemitério, vou visitar o meu marido.

Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now