Capítulo 74 - Parte 3

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          Lázaro ficou em silêncio.

  - Pai... Não vai dizer nada? Estamos todos ansiosos por respostas.

  - Tio, pode falar, acho que até sei o que vem por aí.

  - Por favor, vamos nos sentar, sim?   - Disse Lázaro.


                   Todos se sentaram, tentando acalmar os ânimos.

  - O meu pai realmente estava no gabinete, ele denunciou o Celso, Fausto, e até mesmo o Peixoto por tomarem frente na invasão da Fazenda. Eu conversei com o ministro, e outras pessoas presentes, mas não teve jeito. Vocês sabem que o meu pai é o Barão mais temido e respeitado do Rio de Janeiro, até quem está acima dele o respeita, e isso é de anos. Uma invasão a fazenda do Barão Leopoldo Álvares Real é imperdoável. Sendo assim, Celso, Fausto, e Peixoto foram presos sem tempo determinado de liberdade.


  - Ai meu Deus!    - Gritou Maristela.  - O meu marido preso por tempo indeterminado?
  - Mãe, não passe mal de novo... Eu também não posso acreditar que meu pai esteja nessa situação.

  - Isso não é justo, tio! Não é justo, eles estão lá por minha causa, invadiram a fazenda para me tirar daquele inferno. Não... Isso está errado, muito errado!
  - Calma minha filha, eu tenho certeza que logo o Fausto sairá, isso não deve durar muito.
  - O senhor conhece o Barão, meu pai. Conhece bem!

                 Ana Laura chorou, e levantou-se tremendo.


  - Ana Laura? Filha... Está se sentindo bem?
  - Mãe...
  - O que foi? Você está gelada!
  - Eu acho que...
  - O quê, minha filha?


                Ana Laura teve um desmaio, chamando a atenção de todos para ela.



                Branca ficou desesperada, e Lázaro levou a filha para o quarto onde dormia, enquanto Hilde que ouviu toda a movimentação, correu para chamar o médico mais próximo.











                   Maria Vitória estava na sala com Maristela, Berenice, Rosário, e Bento. Leôncio estava pensativo do lado de fora.


  - O que será que a Ana Laura teve?
  - Com certeza um mal estar, Rosário, por conta da prisão do marido. Eu até entendo, eu que sou eu estou aflita pelo meu Peixotinho. Como ele deve estar lá? Que aflição!
  - Dona Maristela, entendo que todas estão com seus corações em mãos. Me sinto assim a anos, todas as vezes que um amigo, ou companheiro da Fazenda era vendido ou castigado.


  - Do mesmo jeito que você se sentiu quando o Tião foi vendido, não é?
  - É sim, Berenice. Essa dor de ver alguém que amamos sofrendo, não é pior que a dor da perda. Mas cada vez que eu sentia essa dor, o Edmundo, que por sinal também é grande vítima do Barão... Ele sempre dizia que o amanhã estava chegando. E pensando bem será sempre assim, o amanhã sempre vai chegar, mas hoje eu entendi o que ele quis dizer. O Edmundo nos fazia acreditar no amanhã, pois ele sabia que em nossa mente a dor duraria pouco, e quando o tal "amanhã" chegasse, penssaríamos que a dor era uma nova, e seria melhor aceita. Eu sei que amanhã demora, está distante, pois todos os dias ele vem, a cada dia... Mas eu tenho certeza que os homens ficarão livres, seja amanhã ou depois.


Escrava Sinhá [Concluída]Where stories live. Discover now