Capítulo 77 - Parte 1

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       Leôncio acordou, mas Eugênia ainda dormia. Ele levantou sua cabeça, e a apoiou em sua mão, enquanto observava sua esposa, que dormia tranquila, depois de passarem a noite juntos. Mas não demorou muito, e ela logo despertou, com um sorriso leve.


   - Bom dia, meu amor!
   - Bom dia! Pensei que você fosse dormir mais. Até tarde...
   - Ouvi os passarinhos cantando, e tenho que me levantar. Preciso ir ver os meus pais, e até quero ir preparar algo para eles também. Claro, e para Maria Vitória e os outros.
   - Não conhecia seu lado culinário, Eugênia.
   - Todo mulher sabe alguma coisa de cozinha. E  sei como minha mãe gosta de um café da manhã elegante.
   - Então é melhor correr para fazê-lo!  (Risos).
   - Leôncio... Eu queria me desculpar por ontem.
   - Não tem necessidade, fique tranquila, sim?!
   - Mal posso esperar para ir para a nossa casa, e finalmente ter o nosso lar!
   - Eu também espero ansioso por isso. Mas agora, é melhor você se levantar, e ir.
   - Parece que está um pouco cedo, não acha?
   - Assim é melhor. Você entra, faz o café da manhã, e sua mãe acorda satisfeita. É capaz de Maria Vitória ou a Rosário estarem de pé.
   - É... Você tem razão. Mas sabe... Estou com algo dentro de mim.
   - O que é?
   - Não sei. Meu coração, sabe? Estou em agonia... Inquieta.
   - É por saber que hoje seus pais vão até o gabinete do ministro.
   - Será mesmo?
   - Claro! Está ansiosa.
   - Sensação estranha, de medo, angústia...
   - Logo você terá paz, verá!
   - Você tem razão! Eu vou me vestir, me pentear... E vou até lá!
   - bom.
   - Me dá um beijo?
   - É claro!



      Leôncio beijou Eugênia.



   - Você não vai até ?
   - Vou sim, mas não agora. Mais tarde, pode ser?
   - Você vai para algum lugar antes?
   - Vou. Mas não se preocupe comigo, estarei comportado, e juro que longe de problemas.
   - Bom ouvir isso.





      Eugênia se levantou para fazer suas higienes, enquanto Leôncio pensava no que Rosário havia lhe dito anteriormente. O que será que ela quis dizer? Eram muitas perguntas que ele deveria fazer.














       Cila estava fora da senzala, e caminhava de um lado para o outro. Em sua direção veio Sebastião, o qual lhe perguntou o que havia, e a mesma se dizia preocupada.


   - Com a visão que eu tive ontem?
   - É... Talvez, meu filho.
   - Dona Cila, eu não consigo entender o que está acontecendo comigo.
   - Mas eu sei...
   - Sabes?
   - Meu filho... Será que você, não tá herdando o dom que o senhor Irapuã tinha?
   - Eu? Oras... Pra quê quero isso?
   - Eu não sei. Na cultura que nossos antepassados trouxeram, isso seria possível. Será que você não seria o novo líder?
   - Claro que não! Dona Cila, se tem alguém capaz de liderar aquilo tudo é a Iracema. E por falar, com tanta saudade da minha guerreira. A valentia dela me dava muita força, todos os dias!
   - Mas aquela moça é mesmo especial, não é? Um doce! Uma guerreira mesmo.
   - Ela é sim!
   - Pois é... Pena que a vida é injusta, meu filho.
   - E muito. Mas sabe, dona Cila... Se eu herdei as visões do velho Irapuã. O que significam as visões que tenho do Edmundo?
   - Como assim?
   - enxerguei várias vezes o Edmundo todo elegante, andando por essa fazenda como se fosse o patrão.
   - Você viu isso?
   - Vi sim. Estranho não é?
   - Misericórdia!
   - O que foi?
   - Nada não. ... fiquei curiosa. Mas a hora chega de conversa, eu vou para a cozinha, como sempre!
   - Eu também vou, antes que uma dessas pestes venham atrás de mim.



Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora