Leôncio acordou, mas Eugênia ainda dormia. Ele levantou sua cabeça, e a apoiou em sua mão, enquanto observava sua esposa, que dormia tranquila, depois de passarem a noite juntos. Mas não demorou muito, e ela logo despertou, com um sorriso leve.
- Bom dia, meu amor!
- Bom dia! Pensei que você fosse dormir mais. Até tarde...
- Ouvi os passarinhos cantando, e tenho que me levantar. Preciso ir ver os meus pais, e até quero ir preparar algo para eles também. Claro, e para Maria Vitória e os outros.
- Não conhecia seu lado culinário, Eugênia.
- Todo mulher sabe alguma coisa de cozinha. E sei como minha mãe gosta de um café da manhã elegante.
- Então é melhor correr para fazê-lo! (Risos).
- Leôncio... Eu queria me desculpar por ontem.
- Não tem necessidade, fique tranquila, sim?!
- Mal posso esperar para ir para a nossa casa, e finalmente ter o nosso lar!
- Eu também espero ansioso por isso. Mas agora, é melhor você se levantar, e ir.
- Parece que está um pouco cedo, não acha?
- Assim é melhor. Você entra, faz o café da manhã, e sua mãe já acorda satisfeita. É capaz de Maria Vitória ou a Rosário já estarem de pé.
- É... Você tem razão. Mas sabe... Estou com algo dentro de mim.
- O que é?
- Não sei. Meu coração, sabe? Estou em agonia... Inquieta.
- É por saber que hoje seus pais vão até o gabinete do ministro.
- Será mesmo?
- Claro! Está ansiosa.
- Sensação estranha, de medo, angústia...
- Logo você terá paz, verá!
- Você tem razão! Eu vou me vestir, me pentear... E vou até lá!
- Tá bom.
- Me dá um beijo?
- É claro!Leôncio beijou Eugênia.
- Você não vai até lá?
- Vou sim, mas não agora. Mais tarde, pode ser?
- Você vai para algum lugar antes?
- Vou. Mas não se preocupe comigo, estarei comportado, e juro que longe de problemas.
- Bom ouvir isso.Eugênia se levantou para fazer suas higienes, enquanto Leôncio pensava no que Rosário havia lhe dito anteriormente. O que será que ela quis dizer? Eram muitas perguntas que ele deveria fazer.
Cila estava fora da senzala, e caminhava de um lado para o outro. Em sua direção veio Sebastião, o qual lhe perguntou o que havia, e a mesma se dizia preocupada.
- Com a visão que eu tive ontem?
- É... Talvez, meu filho.
- Dona Cila, eu não consigo entender o que está acontecendo comigo.
- Mas eu sei...
- Sabes?
- Meu filho... Será que você, não tá herdando o dom que o senhor Irapuã tinha?
- Eu? Oras... Pra quê quero isso?
- Eu não sei. Na cultura que nossos antepassados trouxeram, isso seria possível. Será que você não seria o novo líder?
- Claro que não! Dona Cila, se tem alguém capaz de liderar aquilo tudo é a Iracema. E por falar, tô com tanta saudade da minha guerreira. A valentia dela me dava muita força, todos os dias!
- Mas aquela moça é mesmo especial, não é? Um doce! Uma guerreira mesmo.
- Ela é sim!
- Pois é... Pena que a vida é injusta, meu filho.
- E muito. Mas sabe, dona Cila... Se eu herdei as visões do velho Irapuã. O que significam as visões que tenho do Edmundo?
- Como assim?
- Já enxerguei várias vezes o Edmundo todo elegante, andando por essa fazenda como se fosse o patrão.
- Você viu isso?
- Vi sim. Estranho não é?
- Misericórdia!
- O que foi?
- Nada não. Só... Só fiquei curiosa. Mas a hora chega de conversa, eu vou para a cozinha, como sempre!
- Eu também já vou, antes que uma dessas pestes venham atrás de mim.
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Escrava Sinhá [Concluída]
Historical FictionESSA HISTÓRIA VAI TE PRENDER DO INÍCIO AO FIM! Dandára, uma das mais belas moças, cativa da fazenda Álvares Real, apaixonou-se, e viveu um romance com Leôncio, o filho do Barão Leopoldo. Mas esse amor logo é interrompido pelo Barão, quando o me...