Capítulo 117

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                      Lázaro e Maristela foram até a fazenda no dia seguinte, e por coincidência chegaram juntos. Na cozinha do casarão, mostraram e leram suas cartas para Dona Cila, que abaixou a cabeça por um tempo, e depois tornou a olhá-los nos olhos.




         - Meus filhos, já sabem o que vão fazer?
         - Dona Cila, estou decidida a não visitá-lo. Tudo que tinha para me dizer, disse após o julgamento. Não tenho coragem de vê-lo outra vez, principalmente pela minha mãe e meu irmão.
         - Maristela, tão querida... Se essa é a sua vontade, que seja feita! Ouça apenas o seu coração.
         - A senhora não acha que serei julgada?
         - O julgado foi ele. Todos fomos vítimas de alguma forma.





         - Bom... Eu não tenho a intenção de vê-lo, dona Cila. Mas eu irei até o sanatório, ao menos para saber do médico quanto tempo ele tem.
         - Será uma boa atitude, filho. Desculpe, eu chamo a todos assim.
         - Não tens problema.
         - Se o seu coração lhe manda ir, vá! Se sentirá melhor de alguma forma, pois saberá ao certo o que está acontecendo.





         - Já sabíamos que ele iria morrer, de fato. Já estava doente, mas nunca queremos receber uma notícia assim, nem mesmo dele. Rezei ontem o dia inteiro para que Deus tenha piedade, e que ele se arrependa de todo mal que fez.
         - Sim, minha irmã... Eu penso a mesma coisa. Também torço para que se arrependa, e siga um caminho de luz.
         - Apesar de não conseguir perdoá-lo, não consigo lhe desejar um mal maior após a morte. Vá, Lázaro... Vai até o sanatório, descubra qual é a situação, tenho certeza que apesar dos pesares, todos vão querer saber.











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                  Fausto ia a cavalo com Maria Vitória na garupa. Ambos seguiam para o sítio o qual visitaram tempos antes, e no caminho, encontraram alguém um tanto desagradável.




         - Ora, ora... Se não é o antigo casal do Rio de Janeiro? Não é muito bonito vê-los juntos, isso é um desrespeito!   - Disse Henrique em um tom irônico.
         - Eu nem deveria ter parado para ouvi-lo, Henrique. Mas se te alegra, ou não, digo que Maria Vitória e eu estamos juntos outra vez, e felizes!
         - Mas o quê? Quanta hipocrisia! Não iria embora?
         - Deveria ter ido. Mas eu tenho motivos maiores para ficar no Brasil.
         - E continuar sendo um fracassado como sempre, velho amigo?





         - Fausto não é um fracassado, prova disso é que tem uma vida, e sabe cuidar dela. Você, Henrique, além de criar intrigas, gosta de se intrometer na vida alheia, não?
         - E você já foi mais educada do que isso, Maria Vitória. Vocês se merecem! Mas de coração eu desejo que não tenham felicidade, principalmente vivendo na fazenda do barão Leopoldo.
         - Seus desejos para nós não nos atinge, ao menos não mais. É melhor irmos embora, não vale a pena perder tempo com um ser tão mesquinho.
         - Espere!   - Ele atravessou com seu cavalo na frente.
         - O que quer?
         - Não se esqueça que se és a nova proprietária da fazenda, é graças a minha genial postura e trabalho no tribunal. Caso contrário, todos estariam a mercê do barão Leopoldo.

Escrava Sinhá [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora